Cefas Carvalho
Hoje: Bolsonaro disse que deseja que a mãe, de 93 anos, seja vacinada contra Covid e que jamais se manifestou contra vacinação.
Antes: Bolsonaro em diversas lives e entrevistas, todas devidamente gravadas e documentadas, afirmou não confiar na eficácia da vacina, desestimulou as pessoas a toma-la e disse que não seria vacinado.
Hoje: Bolsonaro faz agrados a China e diz que é preciso manter o respeito comercial.
Antes: O presidente desdenhava da China, seus filhos postavam ataques frontais e xenófobos ao país, idem o chanceler Ernesto, a ponto da China lançar nota oficial condenando os ataques gratuitos.
Hoje: O bolsonarismo odeia Sérgio Moro e João Dória, ambos traidores e que são achincalhados nas redes sociais.
Antes: Moro era herói para o Bolsonarismo (por ter prendido Lula) e virou ministro e Dória era aliado e companheiro de ataques ao petismo.
Hoje: Bolsonaro diz que não há evidências de que a Cloroquina previne Covid.
Antes: Jair fazia apologia diária à Cloroquina, cuja caixa mostrava até mesmo para as emas do Alvorada, e orientou o Governo a comprar milhões de unidades da medicação.
E por aí vai. Eu poderia escrever dezenas de exemplos de coisas que Bolsonaro disse - com gravações provando a veracidade - e que depois ´desdisse`. certamente você que me lê também lembra de muitos exemplos, que vão de racismo a homofobia, passando por todos os temas possíveis.
Bolsonaro fazer isso não me espanta. Por um lado é dissimulação, cinismo, limitação cognitiva e às vezes estratégia para ganhar a narrativa.
O que me choca ainda é tanta gente aceitar tão facilmente essa ´ginástica retórica` de num determinado momento defender com unhas e dentes uma ideia, um lado e no dia seguinte ter que ir para o lado oposto. Sem pudor. Sem meios termos.
Ser bolsonarista hoje é destroçar conceitos elementares de bom senso. Não é mais política (na verdade nunca foi), é a vontade de se aferrar a uma suposta pauta moral e a um efetivo padrão de comportamento e fazer malabarismos argumentativos para encaixar tudo. Uma metamorfose ambulante retórica, como na canção de Raul (a quem peço desculpas por colocar em um mesmo parágrafo que Bolsonaro): ´eu vou desdizer aquilo tudo que disse antes.
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