19/04/2020

Filmes na Netflix para a Quarentena: ´Epidemia`, ´A gripe`, ´Viral` e ´Pandemia

 Por Breno Araujo Potiguar Noticias
 
Neste  período que tenho  ficado bastante recluso há semanas, devido a quarentena por causa do Covi-19, popularmente chamado de Coronavirus e isto tem afetado globalmente até mesmo os cinemas que fechados temporariamente estão sem nenhum lançamento neste primeiro semestre de 2020,  e as produções estão paradas, o que tem me feito a assistir a Netflix. Resolvi aproveitar este momento que esta pandemia tem feito o mundo todo  parar literalmente,  para escrever minha crítica a quatros filme  que estão disponíveis no catálogo  da Netflix que abordam esta temática. Os filmes em questão tratam-se de Epidemia(Outbreak,EUA, 1995), A Gripe(Flu, Coreia do Sul, 2013), Viral(EUA, 2016) e Pandemia(Pandemic, EUA, 2020). 
 
1)EPIDEMIA:
 
Epidemia(Outbreak, EUA, 1995),  produção  que contou com a direção do alemão Wolfgang Petersen tem sua trama começando durante uma Guerra Civil no antigo pais africano do Zaire em 1967, onde as tropas americanas além de uns serem mortos pelos bombardeios, há outros que também são mortos por um  vírus contraídos pelos primatas dentro da  floresta tropical onde eles estavam abrigados. 
 
Nessa premissa do enredo  é mostrado uma operação chamada de “Limpeza Total”, onde um avião do exército resolve jogar uma bomba e destruir a aldeia e exterminou muita gente, mas não os primatas. Passados 28 anos, no mesmo lugar, um primata infectado com o  vírus é caçado e vendido  para  Jimbo(Patrick Dempsey) tentando  entrar e contrabandear para uma loja de animais  ao chegar nos EUA, mais precisamente na pequena  cidade fictícia de Cedar Creek, na California. Após esse contato com o primeiro ele começa a sentir os primeiros sintomas do vírus, passa mal, morre e transmitir para sua namorada. Logo depois, o dono da loja de animais que ficou com o primata também passa mal e desmaia e esse macaco foge. E tem se início uma sucessão de mais e mais casos de vítimas do surto trazido pelo primata. Caberá  ao exército comandado pelo General Sam Daniels(Dustin Hoffman) a difícil missão de comandar uma operação de guerra ao sitiar a cidade toda em quarentena, o que vai deixar boa parte da população revoltada para tentar conter o vírus que estava assolando a região. Não só o General Daniels vai estar nessa difícil operação, como também sua ex-esposa  a Doutora Roberta “Robby” Keough(Rene Russo) que vai para este local  junto a sua equipe médica que conta com a colaboração de dois soldados de Daniels, Schutler(Kevin Spacey) e Salt(Cuba Gooding Jr.) a difícil missão de correr contra o tempo para investigar e fazer um penoso trabalho de detetive de investigar qual foi o hospedeiro. 
 
Que vai dar inicio a longa jornada deles procurarem qual foi o hospedeiro que no caso é o primata trazido que após fugir da loja, foi se esconder numa floresta onde foi encontrada por uma menininha numa casa de campo. E para irem atrás desse primata vão enfrentar uma forte resistência de seus superiores como o Brigadeiro General Billy Ford(Morgan Freeman) e do Major General Donnie McClintock(Donald Suntherland). Este vai fazer de tudo para impedi-lo, inclusive tentar mata-lo.
 
2)A GRIPE
 
Já no caso de A Gripe(Flu,Coreia do Sul, 2013) o segundo a ser comentado nesse texto dos filmes que vi na Netflix com esta temática, trata-se de uma produção sul-coreana dirigida por Kim Sung-su. O seu enredo gira em torno da cidade de Bundang vivendo um caos com sua população completamente infectada por um vírus da gripe aviária trazido por um imigrante ilegal saído de um contêiner abarrotado de outros clandestinos como ele  que também vai gerar uma operação de guerra para as autoridades sul-coreanas tentarem conter a infestação desse vírus. 
 
É nesse interim que fomos a jornada da doutora Kim In-hae(Soo Ae) compondo a equipe médica para correrem contra para investigar uma vacina enquanto mais e mais casos vão aparecendo com gente morrendo, gerando um clima de pânico e muitas brigas internas entre as autoridades sul-coreanas.
 
 A preocupação da Doutora Kim vai se mostrar ainda mais dobrada quando sua filha pequena Kim Mi-reu(Park Min-há) também contraiu  a doença e é uma das pacientes a ficar na quarentena. E nessa longa jornada de dor ela conhece de dor, ela conhece o bombeiro Kang Ji-goo(Jang Hyuk) que passa a ser o herói dela e entre eles começa a nascer uma improvável história de amor naquele clima tenso e apocalíptico gerado pelo vírus.
 
3) VIRAL
 
Já com relação a Viral (EUA, 2016), produção dirigida por Henry Joost e Ariel Schulman, tem a sua trama  girando  em torno de uma estética que mescla elementos de ficção cientifica com horror, ao trazer principalmente os zumbis na história ao serem infectadas pelo vírus. No enredo de Viral, acompanhamos a jovem tímida Emma Drakeford(Sofia Black-D´Elia) se mudando de Berkeley, para a pacata Shadow Canyon na companhia de seu pai Michael(Michael Kelly) então separado de sua mãe. E com sua revoltada irmã Stacey(Analeigh Tipton).  
 
 Tentando se familiarizar na nova escola dessa cidade onde vão estudar ao qual se mudaram, onde inclusive o pai delas  vira docente na grade disciplinar de Biologia. É justamente durante uma aula ministrada que é mostrado a respeito do surgimento de um estranho parasita que tem modificado o comportamento das pessoas, fazendo com que elas violentamente animalescas e sem nenhum controle emocional. É nesta que uma colega dela chamada Gracie(Lizzie Gray) começa a passar mal, vomita sangue, um colega contrai o sintoma e começa o período da quarentena. 
 
E será durante toda esta quarentena que somos mostrados o drama das duas vivendo completamente reclusas sem a presença do pai, com o seu bairro completamente deserto e vão lidar com a ameaça do infectado virando zumbis querendo devorar elas da forma mais selvagem do que se pode imaginar. 
 
4) PANDEMIA
 
Quanto a Pandemia(Pandemic, EUA, 2020) ao contrário dos anteriores que eu comentei trata-se de uma série documental produzida originalmente pela Netflix contendo  seis episódios. Cada um desses episódios apresentam as diferentes histórias reais  divididas por capítulos  que envolvem a rotina difícil e desafiadora dos profissionais da saúde de diferentes cantos do mundo engajados  nas suas pesquisas e nos trabalhos de atendimentos  para combater  os  vírus e salvar vidas humanas. Uma dedicação exclusiva  que chega a consumir 24 horas por dia do tempo deles  a ponto disso gerar como grande drama para as suas  vidas pessoais, principalmente quando precisam ficarem longe do convívio de suas famílias. 
 
Com uma abordagem bastante didática, com longas horas de entrevistas dos mais diferentes profissionais da saúde, de diferentes aéreas: de médicos, biólogos e infectologistas, onde cada um ali relata suas rotinas exaustivas ao desenvolver e executar os trabalhos, enfrentando algumas burocracias, indo atrás para fazer lobbys para conseguirem verba para realizar as pesquisas. Enfrentando algumas resistências. Como do Doutor Michel Yao, médico que compõe uma equipe médica do Congo para combater o vírus do Ebola no pais que compõe continente mais pobre do mundo com cidades e lugares sem saneamento básico. Onde ali a população vive a mercê da criminalidade, principalmente dos confrontos civis entre facções tribais armadas que lutam por controle territoriais. 
 
Consequência da forma de política adotada nos tempos de colonização.  Também mostra o drama dos hospitais públicos nos condados de distritos dos EUA ameaçados de fechar por falta de verbas do Governo. A entrevista a grupos ativista contrários a vacina no Estado do Oregon. A rotina dos pesquisadores Jacob Granville e Sarah Ives se deslocando até a Guatemala onde usam um criadouro de porcos para desenvolver suas vacinas contra a Gripe Suína.  Enfim, uma obra bastante rica em conteúdo cientifico para compreender da forma didática, clara e objetiva sobre o conceito de como um inimigo invisível não pode ser ignorado.
 
5)MINHAS IMPRESSÕES A RESPEITO DESSAS OBRAS NA NETFLIX  QUE ABORDAM SOBRE SURTOS:
 
Ambas em comum abordam as suas maneiras, as consequências que levam um pequeno  inimigo invisível como o vírus trazer uma grande catástrofe de enormes proporções.    Com exceção de Pandemia, que é um documentário. As outras três são puramente obras de ficção, onde seus respectivos criadores tomaram a liberdade de imprimir uns toques de licenças poética para criar mais emotividade e dramaticidade a narrativa sem parecer tão didático, colocando alguns elementos de escapismo para fugir um pouco da realidade.
 
 Mesmo carregando algumas diferenças estéticas. Epidemia teve o seu roteiro inspirado em  um livro de não-ficção intitulado Zona Quente do Richard Preston que serviu de base para o mote dessa trama que mesclou e dosou perfeitamente  muitos elementos de gêneros como drama, suspense e até mesmo de filme catástrofe onde o maior protagonismo é ocasionado misteriosa pandemia trazida  por um primata da África  a uma pequena  região dos  EUA que gera um clima tenso de Guerra ao fazer sua população se sujeitar a uma quarentena. Somados a forma como o texto e a direção foram bem conduzidas, principalmente ao provocar a tensão  e contando em seu elenco com grandes constelações de star talents  representando os  papeis centrais da trama, responsáveis por conduzir nos espectadores ao andar da história. Dustin Hoffman se mostrou excelente na pele do Coronel Daniels, principalmente ao desempenhar suas ótimas características  detetivescas para correr contra o tempo para descobrir a origem da contaminação. 
 
Rene Russo como a Doutora Roberta Keough, a ex-esposa de Daniels esteve excelente na pele dela ao encarar a difícil missão  de se transferir com sua equipe médica para a cidade que sofreu o surto e terminar acidentalmente contraindo o vírus. Morgan Freeman na pele do reticente Coronel Bill Ford. Outros nomes estelares que aparecem no filme  estão os de Kevin Spacey que nos últimos anos tem estado no ostracismo desde o fatídico episódio ocorrido em 2017 quando foi denunciado por praticar abuso e assédio sexual, que não se pode negar que aquilo arruinou sua carreira e o  tornou uma persona non grata em Hollywood. No filme ele desempenhou perfeitamente o papel do Coronel Casey Schuler, que dá um suporte a Doutora Keough e ao Coronel Daniels em suas investigações sobre o alastramento do misterioso vírus na região até o momento onde ele também acaba contraindo o vírus e fica adoentado. Spacey foi o único do elenco desse filme a ser premiado duas vezes  como Melhor Ator-Coadjuvante pela Associação de Críticos de Nova York e pela   Society of Texas Film Critics Awards. Outros nomes a mencionar estão o de Cuba Gooding Jr. na época com a carreira em evidencia e  franca  ascensão estrelando comédias, nesse  filme ele  interpretou o papel do Major Salt, o fiel escudeiro do General Daniels que o acompanha em sua jornada de investigar a origem da pandemia e caçar o primata que o trouxe. O elenco estelar do filme  também foi  composto por Donald Sutherland desempenhou perfeitamente o papel  do frio, calculista, desprezível, insensível  e sociopata do General McClintock, um sujeito que não mede esforços para promover o seu objetivo desumano de eliminar os infectados pela doença, um verdadeiro genocida. Também do elenco  merece menção a participação de Patrick Dempsey, o eterno Ronald Miller do clássico teen movie dos anos 1980 Namorada de Aluguel (Can´t Buy Me Love, EUA, 1987) fazendo uma rápida participação no filme na pele do  Jimbo, o cara responsável por trazer  o primata infectado aos EUA e dá origem a todo o problema catastrófico. Outro ponto também legal de Epidemia está no brilhante do design de produção, principalmente na  composição da maquiagem usada para representar os doente infectados pelo vírus. 
 
Já no caso do sul-coreano A Gripe, o mote é parecido com Epidemia, com a grande  diferença desse apresentar um teor mais barra pesada, principalmente no design de produção da composição das maquiagens dos infectados que apresentam um grau de realismo bastante cru e putrefato que podem ser forte demais para o seu nível de tolerância. Do mesmo jeito que a direção e o texto acertaram em mostrar explorar a subtrama dos bastidores  interno do governo sul-coreano com parte defendendo a exterminação dos doente e outra parte contraria, prezando pela vida deles. O único problema mesmo do filme está talvez nos personagens centrais da trama, principalmente quando eles introduzem na premissa o arco do  encontro entre a Doutora Kim e o bombeiro Kang, quando este a salva de tira-la de uma cratera. O tempo todo a história tenta forçar uma relação amorosa deles, principalmente quando Kang não se desgruda de Mi-reu a filha pequena da Kim, quando tem início toda pandemia e ela fica afastada da mãe. Um pequeno deslize que não chega a afetar tanto o andar do filme que se concentra mais no tenso  drama catastrófico causado pela infestação da gripe. Onde aqui temos um bom trabalhos das diferentes camadas de motivações de cada um, sem distinção de mocinho ou bandido.
 
Quanto a Viral trata-se de uma produção mais underground, tipo filme B com uma estética mais voltada ao horror com zumbis para filmes on demand. Mesmo não contando com participações estelares no elenco, ainda sim os atores brilham no filme. E o design de produção com as caracterizações práticas que dão aquele tom pavoroso. E a própria maneira explora o ar atmosférico do suspense psicológico que a situação delas ficarem confinadas em casa por conta da quarentena da virose é o que torna a obra bem mais fascinante, pois mexe com as sensações limites das protagonistas.
 
Num balanço geral, posso concluir que as quatro obras que aqui descrevi que trazem o mesmo tema em comum, que são as consequências temerosas e calamitosas provocadas pelos surtos de grandes doenças virais podem trazer para o mundo. A quem nessa quarentena tiver a curiosidade de querer ver estas obras que eu aqui descrevi neste texto  procurando nos catálogos da Netflix para assistir e  querer tomar um pouco de informação didática e de forma palatável eu indico sim senhor. Pois vale a pena, agora caso o leitor em quarentena tiver passando pelo momento sensível, principalmente no  drama de ter contraído o Covid 19 ou mesmo perdeu algum parente vitimado pelo vírus. Então eu não recomendo assistir essas obras. Pois elas podem serem parecerem muito pessimistas, mexendo  e  provocando  o seu grau de emoção te deixarem um tanto depressivo ou mesmo com pesadelo, principalmente com umas cenas muito chocantes que cada uma apresenta. Epidemia tem entre umas cenas desconfortáveis de ver  que posso destacar é quando a cidade sendo sitiada e impedido a entrada e  saída de ninguém, a população ficando revoltada, há uns que tentam desesperadamente fugir de carro, mas são impedidos pelo exército. Ou mesmo a cena dramática de uma família onde a matriarca infectada  tem de se separar do marido e dos filhos para ser entregar ao exército e  ser consultada num local afastado dali, como se parecesse uma criminosa. Ou mesmo a cena agonizante de uma mãe preocupada com sua filha próxima ao primata do vírus para tentar atraí-lo e ele ser caçado pelo Major Salt que dispara uma seringa com sonífero. Se você  for um amante da natureza, com certeza ela pode te gerar uma revolta pela forma deles estarem mostrando um primata hospedeiro  sendo caçado para servir de cobaia para desenvolver a vacina. Já no caso de A Gripe, o teor barra pesada da obra chegando  a superar Epidemia são nas cenas escatológicas, pútridas, sujas e até macabras  dos corpos das pessoas infectadas em estado de decomposição mostrando eles sendo comidos por ratos e sendo queimados. Quanto a Viral, o nível barra pesada da obra pode estar na situação atmosférica-psicológica  das protagonista reclusas em casa por causa da quarentena e quando saem se deparam com as pessoas infectadas agindo como monstros. Por fim, Pandemia o único desses que não se trata de uma obra de ficção, mas sim de um documentário mostrando a difícil realidade  dos profissionais da saúde em diferentes setores espalhados pelo mundo lidando com muitas barreiras para conseguirem desenvolver suas pesquisas de tratamento ou mesmo lidar com pacientes com doenças raras, principalmente na parte burocrática de conseguirem fazerem lobby para recebem verbas e financiamentos governamentais, junto ao drama desses profissionais  de tanto ficarem focados nesse objetivo acabam abrindo mão da convivência com suas famílias. Quem tem parente que atua na área médica, com certeza vendo este documentário vai se identificar com as situações que ele apresenta. Há situações otimistas e outras pessimistas, que dependendo muito do seu estado ele pode ser deprimente. Enfim, se caso você que tiver recluso em sua casa nesta quarentena vendo Netflix, for alguém com estômago forte para querer por curiosidade ver o nível de teor pesado que estas quatros obras aqui apresentam. Assista  e tire suas próprias conclusões, caso não, se for muito sensível e passou pelo drama de alguém por causa do surto da Covid-19, então não assistam. Fiquem longe dessas obras, pois elas podem te chocar bastante.

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