Responsável pelos estudos clínicos da vacina de Oxford/AstraZeneca no Brasil, a médica e professora de Oxford Sue Ann Costa Clemens afirmou, em entrevista à CNN, que foi acertada a decisão do governo federal em aplicar as dois milhões de doses já recebidas do imunizante.
Ela explicou que os pesquisadores preparam um novo artigo para publicação sobre a eficácia da vacina com um espaçamento maior entre a primeira e segunda dose e, por isso, as pessoas que já foram vacinadas não passarão do prazo para o recebimento da dose reforço.
"A imunização primária com essa vacina já acontece após uma dose, e a imunização primária com outras vacinas precisam de duas doses para começar a proteger", explicou a especialista.
Novos dados da vacina da AstraZeneca/Oxford serão publicados nos próximos dias na revista LancetFoto: Adriana Toffetti/A7 Press/Estadão Conteúdo
"Essa semana vamos submeter mais um artigo para publicação na [revista científica] Lancet, explorando todas essas nuances [da eficácia] de uma dose que não foram tão bem exploradas no artigo passado", detalhou Sue Ann.
Segundo a médica, os estudos iniciais da vacina Oxford/AstraZeneca foram baseados na aplicação das duas doses em até 14 dias por faltar tempo para o acompanhamento de como os voluntários reagiriam com um intervalo maior.
"Sempre acreditamos que essa vacina já conferisse imunidade após a primeira dose. Como tivemos um subgrupo pequeno que mostrou uma excelente proteção depois dessa dose de reforço, foi uma decisão estratégica de se mover para duas doses", disse Sue Ann.
A médica ainda explicou que foram esses dados que permitiram o Reino Unido espaçar em até três meses a aplicação da segunda dose do imunizante.
"Essa primeira dose já protege, tem resposta imune de até três meses. E ela já protege com 70% de eficácia para casos leves e moderados, e 100% para casos graves e hospitalizações. Isso é muito importante para o momento que o mundo vive agora", afirmou a especialista.
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