Um dos principais procuradores da Lava Jato, Carlos Fernando
dos Santos Lima (o outro é Deltan Dallagnol), agora admite: a delação premiada
de Antônio Palocci, que a mídia conservadora qualificou como "delação do
fim do mundo", que seria capaz de "destruir o PT", era um blefe.
Na entrevista, concedida à Folha de S.Paulo, ele reconhece que há uma guerra
entre o Ministério Público e a Polícia Federal pelo controle da Lava Jato.
A delação de Palocci foi fechada pela PF depois da recusa do
Ministério Público. Santos Lima relatou: "Demoramos meses negociando. Não
tinha provas suficientes. Não tinha bons caminhos investigativos. Fora isso,
qual era a expectativa? De algo, como diz a mídia, do fim do mundo. Está mais
para o acordo do fim da picada. Essas expectativas não vão se revelar
verdadeiras. O instituto é o problema? Eu acho que a PF fez esse acordo para
provar que tinha poder de fazer".
Ele reconheceu que o caso Palocci foi uma "queda de
braço" entre as equipes da PF e do MP e atacou a Polícia Federal:
"(...) a porta da frente dos acordos sempre será o Ministério Público. A
porta dos fundos é da PF. As pessoas irão à PF se não tiverem acordo
conosco." A declaração revela o estado de balbúrdia institucional da Lava
Jato.
Na mesma entrevista, ele admitiu também que as delações de
Delcídio do Amaral, decisiva para a campanha de ódio ao PT, e de Sérgio
Machado, tinham graves defeitos: "Quando você faz com excesso de rapidez,
corre o risco de fazer colaborações mal feitas. Delcídio, na minha opinião,
quase nem se autoincrimina. A primeira coisa é o colaborador falar os crimes
que cometeu. (...) No caso do Sérgio Machado, no final das contas, o principal
sequer foi denunciado. Aquelas conversas supostamente com membros do Congresso
e ex-parlamentares, que geraram até pedido de prisão no Supremo, sequer
movimentaram uma denúncia. Aquela gravação era um bom início de negociação, mas
não era um fim em si mesma. A gente tem que tomar muito cuidado com excesso de
vontade de conseguir certos documentos, provas, gravações".
Nenhum comentário:
Postar um comentário